26 de dezembro de 2008

Uma Viagem Atribulada

Era dia 24 de Dezembro, o céu estava negro e nublado, algo me dizia que vinha ai uma tempestade. O Pai Natal insistia com as Renas de que tinham de distribuir os presentes por todas as crianças:
- Mas vocês estão parvas ou quê? As crianças de todo o Mundo esperam que o Pai Natal lhes tenha levado as prendas para amanhã acordarem e brincarem. Um momento de felicidade extrema que só ocorre uma vez por ano! Eu não posso faltar!
- Mas Pai Natal - dizia o Rodolfo - o tempo... está mau tempo, no céu nem uma estrela cintila… Devemos esperar e entregar as prendas no dia de Reis como pedem os espanhóis.
- Não - contrariava o Pai Natal - as crianças esperam-me. E o que faço eu a todas estas prendas dentro do trenó?
E assim foram continuando, eu, sempre à escuta, ouvia tudo. Ah… Esqueci-me de me apresentar. O meu nome é... É... Bom não sei o meu nome, mas como tenho um papel a dizer “Do: Pai Natal; Para: João” o meu nome deve ser João. Olá, o meu nome é João. Sou uma prenda e neste momento estou no saco do Pai Natal. Como já vos disse o Pai Natal quer entregar as prendas às crianças, embora o tempo não esteja lá muito bom, e as renas pedem-lhe para esperar. O que se passará a seguir? Bom é melhor continuar…
O Pai Natal, após muitas insistências, lá conseguiu convencer as renas a transportarem-no até às casas das crianças, mas mal sabiam eles que iriam encontrar uma tal tempestade... Nessa altura o Pai Natal já tinha ido a França, Inglaterra, Alemanha e ao resto da Europa e estava agora a dirigir-se para o Golfo do México quando o trenó começou a abanar:
- Mas… Mas… O que é isto?- perguntava o Pai Natal.
- Isto é o fruto da sua teimosia Pai Natal, não dá logo para perceber que nos fomos enfiar mesmo no meio de um tempestade?!- diziam as renas.
As prendas, todas elas tremiam de medo, algumas até comentavam o medo que tinham de não chegar ao destinatário, porque o dever das prendas é chegar ao seu destinatário, aquelas que se perdessem ou ficassem para trás seriam prendas esquecidas. E todas as prendas sabem que isso era a pior coisa que poderia acontecer, pior até do que a hora em que as prendas morrem, sim, porque as prendas também morrem, todas as prendas que são desembrulhadas morrem. Mas, continuando, o Pai Natal fazia esforços e esforços para conseguir sair daquela tempestade e entregar todas as prendas a todos os meninos, as prendas cada vez mais enjoadas e assustadas tremiam. Até que, o tempo acalmou, apenas se sentia uma pequena brisa, tinham saído da tempestade, mas o saco estava mais vazio, algumas prendas tinham desaparecido! Pois é, esse dia foi o pior dia para o Natal de todos os meninos, 20 prendas perderam-se no meio da tempestade, eu, como tive sorte, apesar de estar no cimo do monte de prendas, quase ao pé da abertura do saco, consegui escapar… O Pai Natal, assustado, dizia agora para as renas:
- Ai Meu Deus… E agora?! Perderam-se 20 prendas, 20 meninos não podem passa o Natal sem prendas! Temos de voltar atrás e recuperá-las disse o Pai Natal preparando-se para virar o trenó.
- Não! - disseram as renas em uníssono É melhor primeiro distribuirmos estas e depois podemos voltar atrás e tentar recuperá-las, senão podemos voltar à sua casa e pedir aos Ajudantes do Pai Natal e à Mãe Natal para fabricarem algumas novas…
O Pai Natal, ainda em estado de choque, aceitou a ideia das renas e depressa distribuiu pelo Mundo todas as outras prendas.
Voltando para trás só recuperam 15 prendas, faltavam mais cinco. Quase antes do cantar do galo, o Pai Natal teve de ir a casa e pedir à Mãe Natal e aos ajudantes do Pai Natal que fabricassem mais cinco prendas novinhas. E assim, após toda esta tragédia da tempestade foi abalada, e todos os meninos receberam prendas no dia de Natal. Agora devem estar a pensar “Mas se as prendas sempre que são abertas morrem, porque é que esta não está morta?” a esta pergunta responde-se da seguinte maneira: o menino a quem o Pai Natal me entregou era muito pobre, e esta era a sua primeira prenda, por isso fez questão de não me desembrulhar e de me guardar na mesinha de cabeceira ao lado da sua cama. Ainda hoje, passados 3 meses, estou com o mesmo fato que estava no dia 24 de Dezembro.


Alcochete, 24 de Dezembro de 2008

Henrique Barbacena
9ºD

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