31 de dezembro de 2010

"Um diálogo sobre as pessoas grandes"

"Um diálogo sobre as pessoas grandes"

Em cada asteróide que o principezinho visitou há uma "pessoa grande" e, como ele visitou vários asteróides, conheceu também várias "pessoas grandes", representantes da Humanidade. Não são pessoas más, mas quase todas são, na perspectiva do visi­tante, "esquisitas", "ridículas".
Que aspectos do ser humano cada uma dessas personagens representa?
Porque é que uma delas é, como diz o principezinho, "o único que eu não acho ridí­culo", "o único que podia ser meu amigo"?
E na Terra, o principezinho também se depara com pessoas, coisas ou factos que acha "esquisitos"? Quais, por exemplo?
Imagina e redige um diálogo entre o principezinho e a sua "flor". Ele fala-lhe dos encontros que teve com essas "pessoas grandes". Ela, que já as conhece de outras vidas, de outros lugares, vai fazendo comentários a propósito
do que ele lhe conta.

De volta ao seu Planeta




De volta ao seu planeta, o Principezinho reencontra a flor:

- Principezinho, voltaste! Por onde andaste este tempo todo?
- Andei a visitar outros asteróides, onde conheci muitas pessoas desconhecidas. Conheci um bêbedo, um geógrafo, um homem de negócios, um acendedor de candeeiros, um vaidoso e um rei.
- E como eram esses asteróides?
Eram diferentes… olha, no primeiro, conheci um rei que dizia reinar tudo, as pessoas, os animais e as plantas…
- Mas que rei tão convencido!
- No segundo planeta, conheci um vaidoso.
- Um vaidoso? Como assim?
- Sim, um vaidoso, com um grande chapéu que, segundo ele, servia para agradecer
- Para agradecer o quê?
- Para agradecer quando for aclamado e ainda por cima pediu-me para dizer que era o homem mais bem vestido, mais bonito, mais inteligente e mais rico do planeta.
- Bem… é mesmo vaidoso!
- Depois fui para o terceiro planeta, lá conheci um… bêbedo. Tive tanta pena dele, parecia tão sozinho, ali agarrado à bebida.
- Ele devia estar triste com algo.
- Ele disse-me que bebia para esquecer, que tinha vergonha de beber
- Que confusão! Que homem mais complicado!
- É verdade! Bem, no quarto planeta conheci um homem de negócios.
-Os homens de negócios são uma seca.
-Ele estava a contar as estrelas do céu e dizia ele que eram todas dele.
-Mas a nossa não, a nossa é nossa e só nossa!
-Ele dizia que eram todas dele porque era rico.
-E para que é que ele queria ser rico?
-Ele disse-me que era para comprar mais estrelas.
-Que homem mais esquisito. Só conheceste pessoas esquisitas!
-Se tu o dizes… depois avancei para o quinto planeta, bem esse então era tão pequeno, tão pequeno que só lá cabia um candeeiro e o respectivo acendedor.
-Era assim tão minúsculo?
-Era sim, foi o único homem que conheci que não me pareceu ridículo
-Porque?
-Não sei, talvez por ser tão fiel às suas ordens.
-Que ordens?
-É que lhe tinham ordenado que acendesse o candeeiro ao fim do dia e o apagasse ao início do dia. O pobre do homem tinha muito trabalho, pois, naquele planeta o dia durava um minuto.
-Coitado!
-E assim, como o dia ali era muito curto, passei para o sexto planeta, onde conheci um geógrafo que escrevia livros enormes e andava à procura de exploradores para descobrirem se no seu planeta havia algum mar, rio ou deserto.
-Mas então ele não conhecia o seu deserto?
-Não, ele só escrevia livros. Esse homem também me disse que as flores eram efémeras.
-O que é “efémeras”?
-Pelo que ele me explicou, são coisas que desaparecem de um momento para o outro.
-Entendi.
Entretanto o Principezinho ficou pensativo. Ele pensava no planeta que visitara a seguir em que havia flores iguais a ela.
-O que foi?
-O Planeta que eu visitei a seguir foi o planeta Terra…
-O que tem o planeta Terra?
-Eu, no planeta Terra, fiz vários amigos: uma raposa, uma…
-E foi isso que te deixou triste, de repente?
-Não foi isso que me deixou triste, o que me deixou triste e desiludido foi…
-Foi…?
-Foi…
-Desembucha!
-Foi por tu me teres mentido.
-Eu nunca te menti!
-Mentiste sim, disseste-me que era a única no Universo, e eu, na Terra encontrei um jardim com flores iguais a ti.
-Isso é verdade eu menti-te mesmo…desculpa! Eu só queria que tu me achasses interessante e bonita, por ser única.
-Mas não me devias ter mentido!
-Eu sei, desculpa mais uma vez. Não o volto a fazer, prometo!
-Sabes, eu quando estive na Terra aprendi muita coisa, aprendi a cativar e a ser cativado. Tu cativaste-me e passaste a ser minha amiga. Então tu és diferente de todas as outras, és única para mim. Por isso, após ter conhecido a raposa, a tua mentira não passou a ser mais do que uma verdade.

A flor ouvia atentamente o Principezinho e encontrava verdade em todas as palavras que ele dizia. Por fim decidiu falar.

-Eu gostava de ser como tu, puro, sincero, modesto, preocupado com os outros. Tu também és único porque és o Principezinho.

O Principezinho decidiu perdoar a flor e reconstruir a amizade.

( Diogo Mourão, Francisco Avalada, Pedro Batista e Rui Barrinha - 9ºB) - 9ºB)

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