15 de maio de 2008

Uma história que o Velho contou a Pedro...


- Pedro, vou contar-te uma história que só tu podes saber… Há muitos, muitos anos, havia uma criança, que dos seus olhos brotavam lágrimas de tristeza, tinha algo obscuro dentro de si que a impedia de sonhar…

- Então… então? Conta o resto da história – disse Pedro curioso.

- Sabes, no princípio era uma criança alegre e divertida, como todas as crianças, traquinas e rebelde. Adorava jogar à bola e correr pelos campos fora. Na Primavera apanhava borboletas só para admirar as suas cores alegres, depois libertava-as e sorria. Tinha um pai e uma mãe que lhes dava carinho… enfim, uma família normal. À noite, a mãe contava-lhe histórias de encantar que ele ouvia atentamente até adormecer. O pai saía cedo para o trabalho, mas, todos os dias antes de sair, ia dar-lhe um beijo e passar a mão pela sua testa, que ela sentia, muitas vezes, já acordada. E era assim a vida alegre dessa criança, ela sonhava ser feliz e sabia voar na sua fantasia… até que um dia…

Neste momento, o Velho parou de falar, emocionado…

- Vá, continua… estou a gostar! – exclamou Pedro.

- Um dia estava ela a brincar perto da estrada, correu atrás da bola matreira que lhe fugiu e a sua mãe, ao ver um carro que vinha veloz, em sua direcção, correu para ela empurrando-a, mas acabando a mãe atropelada, mortalmente. O seu mundo desabou, todos os seus sonhos se desvaneceram. O pai, com tanto desgosto, começou a beber e a maltratá-la, talvez tentando, inconscientemente, castigá-la pela morte da sua mulher e a criança, além dos maus tratos do pai, teve que viver com a culpa da morte da mãe. O coração ficou cheio de mágoa e o olhar apagado, olhava, agora com tristeza, os campos onde antes corria como o vento. À noite era ainda pior, fechava os olhos e já não sabia sonhar.

- E depois, o que aconteceu? – perguntou Pedro.

- Os anos passaram, essa criança tornou-se um homem triste e amargo, até que um dia… conheceu uma mulher que lhe iluminou a vida, apaixonou-se e o amor salvou-o. Essa mulher tinha ficado viúva e tinha ficado com uma criança para criar. O sol brilhou de novo, o coração ficou cheio de alegria… Os sonhos voltaram outra vez, sonhou que podia ser um novo pai para aquele menino e que era possível ser feliz novamente. E assim, durante todo o resto da vida, teve sempre sonhos lindos para concretizar. E tantos sonhos tem ainda e com a fantasia que, afinal não se perdeu, inventa histórias para te contar.

- AH!... Essa criança eras tu!!!


(Trabalho realizado no âmbito do estudo do conto «A Estrela» de Vergílio Ferreira)

Hugo Pires, 7ºF
Isabel Costa, 7ºF

1 comentários:

Clube dos Criativos disse...

Confesso que esta história me comoveu...

Parabéns, Hugo e Isabel! A sensibilidade respira em cada palavra e quem vos lê, sente um misto de tristeza, mas ao mesmo tempo, de deslumbramento.

Adorei a forma como expressaram as vossas ideias e mantiveram algum mistério, desvendado na parte final.

Continuem assim...pois o mundo precisa de escritores que semeiem palavras de ternura no horizonte de quem ainda ousa aventurar-se nos caminhos da leitura.

A professora Fátima Costa