12 de maio de 2008

Um final diferente para o conto "A ESTRELA"



(Então ele disse:)

- Dados os acontecimentos, parece que a única pessoa a quem a estrela não queima é respectivamente a quem a roubou. Visto que essa pessoa é o meu filho, proponho que seja ele a repô-la no seu sítio.
Toda a aldeia concordou e acho que sim, que era essa melhor maneira de acabarem com aquele assunto, que não lembrava a ninguém e que eram poucos os que se preocupavam, mas que todos se queriam ver livres. Pedro ainda não tinha falado, ainda não tinha dado a sua opinião, mas, verdade seja dita, ninguém lha tinha pedido, estavam todos a decidir o que se havia de fazer, sem que ele dissesse sequer se concordava ou não. Pedro não concordava, de todo, ele não queria devolver a estrela, o sonho que ele criou e alcançou, não tinha que acabar agora. Ele queria voltar a guardar a estrela, dentro da caixa, debaixo da cama, e que a estrela estivesse sempre com ele, que fosse o segredo dele, a acompanhá-lo durante a vida e a morte. Mas agora toda a gente sabia que era ele que tinha roubado a estrela, já não era segredo para ninguém, e todos queriam que ele a devolvesse ao seu lugar. E o pai prosseguiu:
- Bom, já que todos concordam, e sem perdermos mais tempo com este assunto, será o meu filho a pôr a estrela no sítio de onde a tirou.
Pedro, mesmo não querendo, deitando lágrimas que lhe escorriam na face, não tinha outra hipótese. Pegou na estrela de lata, que brilhava muito pouco e foi subindo as escadas que lá tinham posto. Subiu até ao varão de ferro, depois até ao galo e empoleirou-se nos quatro pontos cardeais. Lá de baixo, todos observavam Pedro a subir a torre, sem se pronunciarem, limitavam-se a ver e esperar. Pedro, pegou na estrela que lhe prendia no cinto, olhou para ela serenamente e pensou que aquilo não passava de uma estrela de lata, não lhe ia servir de nada, não era aquilo que lhe daria felicidade, e com muito jeitinho voltou a colocá-la no seu sítio. Toda a aldeia aplaudiu e suspirou de alívio, para eles era um alívio ver aquele problema resolvido e Pedro voltou a descer aquela escadaria toda e regressou a casa. Como estava já, praticamente, a cair de sono não teve grandes hipóteses de matutar no assunto. Deitou-se na cama e ali ficou, até que, a certa altura, de olhos entreabertos, Pedro vê uma enorme claridade a iluminar-lhe todo o quarto. Um brilho muito intenso enchia aquelas paredes de luz, uma luz que acordaria qualquer um, Pedro olhou para aquilo com olhar diferente, não precisou de muito para verificar de onde vinha tanta luz. Tirou a caixa que estava aberta debaixo da cama e observou, durante algum tempo, contemplando a beleza magnífica de uma estrela, da Estrela, que permanecia ali intacta e luminosa, tal e qual como ele recordava que estava quando a apanhara. Rapidamente, Pedro fechou a caixa, voltou a pô-la debaixo da cama e tornou a adormecer. Aquele era e seria sempre o seu segredo.


Tatiana Pereira, nº23
7ºF

0 comentários: