A Língua Portuguesa não é um corpo morto, nem um lago de água estagnada - é uma matéria viva que temos de trabalhar e amar.
Como se começa a escrever? Atrás de cada palavra se esconde um mundo. Cada uma é um sinal e um marco, uma porta aberta para tudo ou um floco de neve que vemos tombar.
O que é preciso é saber olhar o que nos rodeia, é não ter medo de entrar neste mundo que é nosso - este mundo que se por vezes tocamos superficialmente, outras vezes queremos rasgar para ver como é por dentro!
Olhar o dia como se fosse uma árvore - à superfície a casca envolvendo o tronco - lá dentro a seiva e os veios - a raiz...
Falemos da casca e da seiva. Falemos de tudo. De tudo o que se pode falar. É o nosso olhar que vê e descobre, é a nossa voz que diz, é a mão que escreve.
Por isso, quando há pouco tempo um jovem me disse que tinha muitas coisas para dizer, mas não sabia como havia de começar a escrever, eu só quis dizer-lhe: “Sabes como hás-de começar? É começando!”
Ao principio talvez seja difícil - mas se não tentarmos, como conseguiremos? As palavras existem: elas riem, saltam, brincam, sentam-se nos passeios das ruas por onde passamos.
Vamos pegar nelas e com elas dizermos o que pensamos, jogar com elas, dar-lhes o sentido do que sentimos.
Maria Alberta Menéres
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